quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Matthew Herbert Big Man


Extraordinário!
Matthew Herbert regressou à Casa da Música, desta feita acompanhado pela Big Band, e, mais uma vez, encantou. Acompanhado por 16 músicos – metais, piano, bateria e contrabaixo –, Matthew Herbert imprime um som épico às suas criações, que encontram na voz da portentosa (física e vocalmente) de Eska Mtungwazi a alma que a sonoridade exige e liberta.
A razão de mais esta visita do músico inglês foi a apresentação do seu novo álbum «There's Me and There's You».
Com o tema «Pontificate» foi como que se a felicidade invadisse o palco da Sala Suggia, trazida pela intensa e completa sonoridade da banda, os samplers de Matthew Herbert e a fabulosa capacidade e qualidade vocal de Mtungwazi.
O concerto versou apenas os novos temas, pelo que o público, face à novidade, esteve sempre um pouco na expectativa. Porém, o enorme agrado era ruidosamente demonstrado a cada final.
A maviosidade da beleza das melodias e o caos da orquestrada desconstrução musical enchiam o ambiente para deleite da plateia. Matthew Herbert captava e manipulava os sons em tempo real, provocando em algumas ocasiões o riso em Eska, quando esta tinha que cantar a par da sua voz reproduzida pelos samplers de Herbert.
Em «Battery», todos os músicos – à excepção do contrabaixista e do baterista e ainda do maestro Peter Wraight –, tinham uma revista (Flash!) na sua posse que foram rasgando paulatinamente. O ritmo era, em parte, marcado pelo rasgar sincopado das páginas, com Herbert a captar e a reproduzir os sons produzidos por entre a sonoridade dos diversos instrumentos. Se a felicidade e a alegria já haviam tomado conta do palco há muito, com «Battery» cehgou a diversão, com os músicos a transformarem o palco num campo de batalha, por entre confetis e pequeníssimas serpentinas feitas pelos próprios.
Depois, com «Breathe», chegou o momento de… magia, com Herbert a manipular a maquinaria com um capuz enfiado na cabeça, que não lhe permitia ver absolutamente nada.
Para além da música, o espectáculo acontecia. Matthew Herbert, que ostentava uma espécie de gravata feita de folhas de jornal (onde se podia ler «Millions of dolars burned», porque seria), manipula incessantemente a maquinaria que tem pela frente, ao mesmo tempo que dança e interage com os demais músicos.
Em muitos momentos, o som da banda serve apenas de cama às divagações «samplistas», que não simplistas, do músico britânico, que é exímio em utilizar sons das proveniências mais inesperadas. E fá-lo com uma mestria impressionante, no que é muito bem acompanhado pela (big) banda.

De braço no ar, todos os músicos parece quererem ser o homem que Eska diz estar à espera em «Nonsounds», para o concerto ser rematado com um tema «Just swiing», que ilustra bem o que se ouviu naquela hora de actuação, com Eska a cantar: “Life is just a famous swing”.
O público não arredou pé, e Matthew Herbert e acompanhantes regressaram para pôr toda a gente a dançar. Foi com o público todo de pé e a «swingar» que se ouviu o único tema antigo do concerto, o bem conhecido «Audience», em que um dos sons base é, precisamente, feito em uníssono pelo público e manipulado e reproduzido por Herbert. Foi em festa e em perfeita interacção entre palco e plateia que terminou o espectáculo, com o público a desejar mais, mas… tinha acabado.

Alinhamento:

Pontificate
Waiting
Vessness
Battery
Regina
Rich man's prayer
Breathe
Knowing
Nonsounds
One life
Just swing

Audience


Fotos de Luís Rocha Graça

1 comentário:

LRG disse...

Sem dúvida um grande concerto. O tempo passou rápido e soube muito a pouco. Venha o próximo. Abraço.