sábado, 15 de novembro de 2008

De Cabo Verde com muito ritmo

Foi uma espécie de estreia pessoal nestas vertentes musicais mais chegadas à chamada Música do Mundo. A verdade é que não me lembro de ter assistido a dois concertos seguidos de artistas que se movimentam naquela área. E não posso dizer que desgostei. A proposta era uma viagem até ao continente africano, mais concretamente ao arquipélago de Cabo Verde, guiados pelas vozes de Carmen Souza e Lura. Curiosamente duas cabo-verdianas… nascidas em Lisboa, após a Revolução de Abril.
Apesar de, definitivamente, não fazer o meu género, o certo é que foi pouco mais de duas horas de agradável entretenimento.
Carmen Souza abriu a noite com os seus funanás, mornas e demais sonoridades tão características de Cabo Verde, mas às quais empresta um toque urbano, que foi muito mais do meu agrado.
«Lapido na bô» serviu para homenagear o mestre Orlando Pantera, com Carmen Souza a dar início de uma empatia com a plateia que teria o seu clímax com Lura.
Os concertos foram transmitidos em directo pela RDP África e tiveram a presença do Cônsul de Cabo Verde na plateia. Apesar de poucos, sempre houve alguns destemidos que contrariaram as rígidas regras da Sala Guilhermina Suggia e de pé ensaiavam uns tímidos passos de dança. Mas foi com o público todo de pé e a dançar que Carmen Souza se despediu, com o funaná «Vaidade ê leviandade».
A sala estava meia cheia e recebeu de braços abertos Lura, um mulherão que se ginga, meneia e dança como só as africanas o sabem, levando a plateia ao delírio. Detentora de uma voz de respeito, Lura levou o público num périplo pelo som de África.
“Isto é uma viagem pelos ritmos de África, pelos ritmos da minha terra de origem”, referiu a determinada altura a cantora, acrescentando: “Sinto-me muito feliz porque canto na minha terra de nascimento (Portugal), a música da minha terra de origem (Cabo Verde)”.
A meio da actuação, Lura descalça-se e leva o público ao rubro, dançando o «Batuku», ritmo das mulheres cabo-verdianas e que a cantora dedicou a todas as mulheres presentes na sala.
Em «Nariná» a plateia surpreendeu Lura, quando esta lhe tentou ensinar a letra e o público, já a sabendo, cantou afinado e em uníssono. O concerto fechou com uma homenagem, mais uma, ao grupo Os Tubarões, com o tema «Mula mansa».
O encore trouxe mais uma morna e, claro, um funaná para que a coisa terminasse em apoteose. E assim foi…


Alinhamento Cármen Souza:

Verdade
Tud tem uma razão
Ind’feso
Codê
Afriká
Tristeza de vida
Levantá no bai
Lapido na bô
Vaidade ê leviandade

Alinhamento Lura:
Intro
Cartinha
Mari d’ascenson
Festa nha kumpadri
Vazulina
Ponciana
As água
Batuku
Narina
M’bem di fora
Mula mansa

Flor di nha sperança
Mundu ê nós

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