quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Diário de um descartado VII

E ao 28.º dia a carta chegou.
Só o ultimato produziu efeito. Mas, como a incompetência grassa, nem os formulários para o desemprego estão devidamente preenchidos.
Uma tristeza. Nem nome completo, nem mais dados nenhuns.

Mas pelo menos tenho o documento que precisava para continuar com a minha vida.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Diário de um descartado VI

E ao 26.º dia a carta de despedimento não chegou.
Já não há palavras. Já nem vontade tenho de lhes chamar incompetentes. Uma vez mais tive que procurar pela carta, pois deles nem notícia nem recado...
De resto, e após contacto telefónico, soube que esperavam que a fosse buscar.
Enfim...
Apenas lhes disse que ou a carta está na minha caixa de correio até quinta-feira, ou quem os descarta sou eu e não o contrário.
Não estou para lhes aturar a incompetência por mais tempo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Diário de um descartado V

E ao 19.º dia a carta de despedimento não chegou.
Depois de na semana passada a secretária da Administração me ter dito para reclamar junto da ex-directora d'O Primeiro de Janeiro e de, uma vez mais, ter actualizado a minha morada, a incompetência continua e cresce, tal como o vergonhoso desrespeito por alguém que durante 13 anos deu tudo e até mais do que devia (inclusive dinheiro) a uma empresa que, à imagem de quem a comanda, não mostra um pingo de dignidade.
Sempre nos pediram dignidade. E com dignidade sempre respondemos. Agora não nos peçam que nos estendamos no chão para sermos espezinhados.
Como referi num post anterior: "O chão que pisas JÁ NÃO sou eu".
Em prol da minha sanidade mental, porque o desgaste das últimas semanas tem sido arrasador, vou esquecer este assunto por uma semana, vou mandar-me por este Portugal abaixo e retemperar forças e encontrar um pouco de paz de espírito, para, mais do que tudo, regressar em força e encontrar meios de subsistência no jornalismo e reclamar os meus (nossos) direitos.
Estas são duas coisas que, para já, não abdico: Exijo que os meus direitos sejam respeitados e não abdico de ser jornalista.
Ser jornalista não é ter carteira porque se é dono de jornais, não é escrever umas crónicas que nem ao diabo lembram, nem tão pouco desconhecer o que é a ética e a deontologia, tanto na profissão como na vida.
NÃO, ser jornalista é muito mais do que isso. Mais do que gostar do que se faz, é amar a informação, é amar ser um elemento privilegiado na transmissão da informação e do saber, é amar o acto de levar de forma isenta o conhecimento a toda a gente, independentemente do credo, raça ou outra qualquer condição. É amar tudo isto e muito mais e um jornalista sabe o que é... Mas, acima de tudo, é ser Jornalista com jota em caixa alta, ou seja ser Homem com H grande ou mulher com M grande.

sábado, 16 de agosto de 2008

Diário de um descartado IV

Pensava que este fim-de-semana prolongado, em que nada posso fazer pela minha situação de desempregado, iria ter paz de espírito para fruir um pouco do aconchego familiar, o que já habitualmente acontece de forma espaçada. Enganei-me!...
E se nada posso fazer, nada me apetece fazer também. É estranha a sensação de apenas querer fazer... nada.
Mas, como dizia, se nada posso fazer, é muito difícil não pensar em toda esta embrulhada criada por um grupo de algozes. E a sensação de impotência é atroz.
Sem carta e sem qualquer papelada necessária nestas situações tratada, apreendo agora um outro significado da expressão silly season.
Ontem revi alguns momentos que vivi em Paredes de Coura - bendito youtube - e vi que tudo isto é muito mais do que uma simples casca. Há sempre o carnudo e sumarento fruto e, em alguns casos, ainda há o caroço.

Sinto-me num daqueles dias "de alma vaga"...

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Mundo Cão... este em que vivemos

Diário de um descartado III

E ao 14.º dia a carta de despedimento não chegou.
Isto é, a pouca vergonha, a incompetência, a irresponsabilidade, a falta de sensibilidade para com a condição do outro continuam.

Este post bem podia intitular-se «Diário de um desencartado».

Não recebida a dita, dirigi-me, uma vez mais, à sede da Administração, na Rua de Santa Catarina, no Porto - onde sempre fui tratar do que tinha que tratar com a empresa e não às moradas fantasmas de Gondomar que aquela exibe -, e, uma vez mais, não consegui falar cara a cara com a secretária da Administração, a pessoa que tem feito, mais ou menos, a ponte entre os despedidos e a empresa, porque também nunca sabe nada para nos dizer.

Mas por telefone, cumpri o meu objectivo, que era tão simplesmente dizer-lhes que INCOMPETÊNCIA TEM LIMITE. E quando está em causa a sobrevivência de uma pessoa esse limite deveria ser mais apertado.

Corrigida a minha morada já na quarta-feira - já o tinha sido antes, ainda eu estava na redacção de O Norte Desportivo, agora de o Janeiro - hoje já devia ter a carta de despedimento na mão. Mas não. A incompetência grassa, cresce e ninguém faz nada. A ver vamos...

Agora, segue-se um fim-de-semana prolongado e a minha entrada no Centro de Emprego é retarda, pelo menos, mais três dias, que em termos práticos para subsídios é mais um mês.

Incomodado quem me colocou, como aos demais 33 camaradas de trabalho, nesta situação? Não creio, pois quem tem que se preocupar com a prestação da casa, alimentação, contas para pagar e tudo o mais sou eu e só eu, até porque moro sozinho. Mas o que diz isto a quem já está ou se prepara para ir de férias, quiçá com o dinheiro que me está a dever e aos outros 33?
Caso não consiga pagar as prestações do apartamento, deverei mudar-me para a sede/residência (inabitada) da gerência da Folha Cultural, na Rua Fernandes Tomás? Diga-se que o gerente desta empresa, mais um fio dessa enorme teia, é a mesma pessoa que preside à União Desportiva Oliveirense e que sempre tive como patrão tanto n'O Norte Desportivo, como n'O Primeiro de Janeiro: Eduardo Oliveira Costa.



"CADA VEZ Destilo MAIS ódio"...


P.S. A falta que o Bogas me faz!...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Diário de um descartado II

E ao 13.º dia a carta de despedimento ainda não chegou.
Demonstrando não ter respeito nenhum por quem durante 13 anos trabalhou (muitas vezes a dobrar - ainda em O Norte Desportivo colaborava assidua e graciosamente para a Cultura de O Primeiro de Janeiro - e pagar as próprias deslocações), a empresa detentora de O Primeiro de Janeiro, seja ela a Sedico, a Fólio, ou outra qualquer, pois é de difícil entendimento, retarda, por pura incompetência, que eu possa dar entrada com a papelada para receber o subsídio de desemprego, que à conta das trafulhices da mesma será mísero.
Convém recordar, e nunca é de mais dizê-lo, que isto acontece quando estou há mês e meio sem receber ordenado e sem ter recebido subsídio de férias, das quais nem um dia gozei.
Gozar parece estar a (des)dita empresa, fruto da irresponsabilidade e incompetência de quem ainda lá trabalha.
Parece que as únicas pessoas competentes são as 34 despedidas no último dia 31 de Julho.

Neste momento e parafraseando os Mão Morta: "Destilo ódio"...

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Diário de um descartado I


Passam hoje 12 dias desde que fui verbalmente despedido de O Primeiro de Janeiro, tal como os restantes 31 camaradas de redacção e ainda alguns administrativos. Curiosamente, sou dos poucos, senão o único, dos descartados - perdeu-se o contacto com alguns camaradas (espero que não se ofendam) perdidos num incompreensível (ou talvez não) silêncio - que ainda não fui efectivamente despedido, pois nem sinal da carta de despedimento e respectivo documento para entregar no Centro de Emprego.

Razão? Uma vez mais, perfeitamente surrealista.

Depois de descobrir que a morada da sede da Sedico, até ao dia do despedimento (31 de Julho), é um stand de automóveis usados que está fechado há cerca de dois anos e onde a mesma nunca funcionou, sou confrontado por uma secretária da Administração que a minha carta tinha sido enviada para a morada da casa onde vivi há 13 anos (já vivi em outras duas moradas depois disso)... Isto apesar de em 2007 a ficha de funcionário ter sido actualizada. Será que o foi realmente?

Após dirigir-me à Rua de Santa Catarina, onde efectivamente sempre funcionou a Administração da empresa para a qual na realidade sempre trabalhei (Fólio), constatei que 12 dias depois a empresa ainda não tinha dado pela não entrega da carta.

Porquê? Porque na Rua do Taralhão, onde a partir do dia 1 de Agosto passou a ser a morada da (des)dita Sedico, ninguém vai desde segunda-feira, amontoando-se os recibos das cartas registadas já entregues... e quiçá das devolvidas, como a minha.

Resumindo, de macacada em macacada, de desorganização em falta de competência estou há 12 dias para meter os papéis para o subsídio de desemprego, com salários em atraso e sem ter conseguido gozar um único dia de férias.

Em contrapartida, estou seguro que há por aí um qualquer empresário, dito de sucesso pelo Governo, que já terá as malas prontas para rumar a um qualquer Porto Seguro, como é habitual por esta altura do ano.

Aos melómanos, a quem este blogue é especialmente dedicado, as minhas desculpas, mas "Há dias assim" (Rádio Macau)... E alterando ligeiramente o refrão do fabuloso «Amor-Combate», dos Linda Martini, digo apenas: "O chão que pisas JÁ NÃO sou eu".

P.S. A falta que o Bogas (na foto) me faz para pôr uns quantos na ordem!...

Debute de um blogger


Este é o primeiro post de um recém-chegado à blogosfera. De Espada em riste e sempre afiada, este é um blog que terá como principal tema a MÚSICA.