domingo, 14 de setembro de 2008

Diário de um descartado IX

Como disse em post anterior, não acredito que receba dinheiro algum dos algozes d'O Primeiro de Janeiro, Sédico, Fólio, Folha Cultural, ou seja, de Eduardo Costa, o único patrão que conheci nos 13 anos em que ali trabalhei.
Houve quem já tivesse sido bafejado pelos euros, mas eu e a maior parte dos despedidos ainda não vimos a cor do dinheiro. E, repito, não acredito que dali venha cêntimo para a minha conta, apesar de serem milhões os cêntimos que tenho a haver por direito.

Mas depois da catarse - que, como disse e bem o meu amigo Fil, serviu para para uma das pessoas presentes ficar um pouco mais em paz com ela própria - e à beira de dar dar o passo que falta, é tempo de pôr esta história toda para trás das costas e olhar lá bem para a frente. Deixar em definitivo de lamentar que se passou (acho que nem nunca o lamentei verdadeiramente), deixar de pensar que tudo isto foi um sonho mau que ao acordar passa e, acima de tudo, aproveitar o tempo de mudança.
Mudar é sempre assustador e até constrangedor, mas é uma bela lufada de ar fresco. Com as mudanças surgem coisas novas, algumas que nem imaginávamos que um dia nos cruzaríamos com elas. Resumindo, mudar é salutar.
Bem, estou seriamente a pensar em alterar a decoração da minha sala, onde passo mais tempo em casa quando não estou a dormir. Com os mesmos móveis, mas mudar. Periodicamente gosto de o fazer e é fantástico. E agora, mais do que nunca, vai saber-me bem.
Neste momento, e passada a «silly season», mais «silly» do que nunca, sinto-me em plena metamorfose. Não, não se assustem, não fui picado por nenhum insecto, nem mordido por nenhum bicho, mas sinto uma vontade enorme de mudar.
Quem mais tem sofrido é este meu corpinho elegante, que ao bater das 12 badaladas me exige uma cama. E se eu não lha der, dorme onde estiver. Descobri as manhãs, o que apenas pontualmente encontrava nos últimos anos, e tenho novas vivências profissionais.
Para já, a única coisa que de facto me inquieta é a falta de redacção. Aquelas quatro paredes de convívio... profissional. O burburinho das notícias. Passar de uma redacção de 32 jornalistas para outra de apenas dois é uma diferença grande. Sim, são 30 cabeças a menos a contribuir para a discussão.
E sobre uma coisa não há discussão, tudo deve ser discutido.

Sinto-me "como uma bola nas mãos de uma criança...".

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